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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Zuzu Angel como um marco na moda brasileira setentista


(continução post anterior)
Por outro lado contrapondo-se a toda essa evolução econômica, esta também foi à época mais implacável do regime militar. Médici combateu a guerrilha a ferro e fogo, de modo que no seu mandato os principais dirigentes da luta armada foram mortos, e a lista de desaparecidos políticos cresceu de maneira absurda, trazendo reflexos até hoje com a realização de campanhas e investigações para se saber o que realmente aconteceu naquele período.
Foi também no governo do presidente Médici que à moda do Brasil criou um aspecto contestador e político. A “precursora” – podemos chamar assim - foi a estilista Zuzu Angel, que iniciou a sua carreira na década de 70 e no seu auge sofreu com uma grande tragédia familiar: Stuart, filho de Zuzu, foi morto brutalmente pelo governo por causa da militância que ele exercia contra o regime ditatorial. A partir de então ela iniciou uma grande batalha que tinha por objetivo enterrar o corpo de seu filho.
Simbolos contra à ditadura

Simbolos contra à ditadura


Antes destes acontecimentos, a moda da mineira Zuzu caracterizava-se na utilização de materiais brasileiros, com linguagens pessoais e cores tropicais. Ela foi a primeira a usar a renda casimira. Misturou a renda de algodão com seda pura, usou chita com temas regionalistas e folclóricos. Trouxe também para a moda pedras brasileiras, fragmentos de bambu, de madeira e conchas. Desta forma ela incorporou na moda a qual criou, na ecologia e a brasilidade. E devido ao acontecido na vida pessoal da estilista, refletiu-se no trabalho dela como metáfora para simbolizar a história de Stuart; ela usou elementos como anjinhos, crucifixos e tanque de guerra na coleção que criara.
Em 1974, Geisel e seu vice, o general Adalberto Dos Santos, assumiu a presidência do Brasil, os quais prometeram uma “abertura lenta, gradual e segura”. Foi então que o Brasil mergulhou-se em uma crise econômica que se agravou com a crise mundial do petróleo - o que acarretou o fim do “milagre econômico” – e trouxe dificuldades econômicas, financeiras e aumento da inflação. Como forma de conter a crise, o governo fez empréstimos externos para financiar a produção, porém a dívida externa do país cresceu e com isso o “dragão” da inflação - que antes estava estagnado e adormecido - resolveu acordar e crescer de maneira assustadora, fazendo com que os salários dos trabalhadores que dantes já eram baixos, alcançassem ainda menor poder de compra.
Cansados de tantos anos de regime autoritário, repressor e que estavam levando o país ao declínio econômico, a população se revoltou e, em 13 de maio de 1978, deu-se inicio em São Bernardo a uma greve de operários, que influenciada por sindicalistas logo se alastrou por todo o país. Mesmo com a repressão do governo e prisão de vários sindicalistas a população não se intimidou: havia dentro deles uma voz que gritava por liberdade, verdade e justiça.
Em 1979, o general João Baptista Figueiredo assumiu a presidência do Brasil. Ele foi quem pronunciou que faria “deste país uma democracia”, onde deu continuidade à abertura política iniciada pelo presidente Geisel e sancionou a Lei da Anistia, como também restaurou o pluripartidarismo. Geisel pressionou o Congresso a não aprovar a emenda constitucional que restabelececia a eleição direta para a Presidência da República, mas respeitou o resultado do Colégio Eleitoral que elegeu o candidato oposicionista Tancredo Neves, para substituí-lo na chefia do governo. Com isso deu-se início ao movimento das “Diretas Já”.

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